Kepler – Esta base de dados vai–me ajudar a provar a essa gente toda, que o Sol é que está no centro do universo! E que afinal, os caminhos, as voltinhas que os planetas dão, não são tão perfeitinhos, tão redondinhos como os outros os queriam fazer!! Ah pois é!! E ainda vos digo mais, tenho cá a teima, que esses mesmo planetas, ainda por cima, têm influencia uns nos outros, sem se tocarem, e a grandes distancias!!!
Mestre Salas – É como eu e a minha prima. Também temos influência um no outro, e sem nos tocarmos, e a grandes distâncias... Sobre o Sistema Solar em Auto do Universo
Kepler iniciou a sua carreira publicando uma obra, Mysterium Cosmographicum, onde defendeu uma conceção copérnico-platónica do desenho do universo: a configuração dos sólidos platónicos (cubo, tetraedro, octaedro, icosaedro e dodecaedro) explicaria o modelo geocêntrico de Copérnico. Em 1609, com base nas observações de Tycho Brahe (1546-1601), publicou a Astronomia Nova onde apresentou os resultados do seu estudo sobre o movimento do planeta Marte, expondo as suas muito conhecidas duas primeiras leis: a órbita é elíptica e o Sol ocupa um dos seus focos; a velocidade areolar do movimento de Marte é constante. Só em 1618, na Epitome astronomiae copernicae, Kepler estendeu estas leis aos outros planetas conhecidos, incluindo aí a Lua e os satélites de Júpiter. Foi em 1619, na publicação de Harmonices Mundi, que o astrónomo polaco enunciou a sua terceira lei (a relação entre os períodos de revolução e a dimensão da órbita). Ficara assim desvendado, através de relações matemáticas claras e simples, o movimento dos corpos celestes conhecidos, isto é, de todo o sistema solar. Estas três leis constituíram o pilar fundamental da explicação do movimento dos astros, o objetivo central da obra máxima de Isaac Newton, Philosophiae Naturalis Principia Mathematica. Johannes Keppler pode ser tomado como o verdadeiro criador da astronomia moderna, o homem que substitui o círculo pela elipse, retirando o Sol do centro geométrico do sistema de Copérnico coloca-o num dos focos da elipse. Entre 1609, ano da publicação da Astronomia Nova, Galileu Galilei, publicou, em Veneza, no Sidereus Nuncius, as suas célebres e magníficas observações astronómicas. Todas estas descobertas, incluindo as fases de Vénus, foram saudadas por Kepler no seu opúsculo Dissertatio cum Nuncio Sidereo. Apercebendo-se do poderoso instrumento que era a luneta astronómica usada por Galileu, aprofundou os seus estudos de óptica e a construção de um novo telescópio, publicando no ano de 1611, em Praga, a obra Dioptrice. O livro De Magnete, da autoria de William Gilbert (1554-1603) e publicado em Inglaterra em 1600, terá uma grande influência sobre Kepler, levando a que este pensasse que a aceitação do movimento dos planetas em torno do Sol obrigaria este astro a ser o centro de forças magnéticas. Uma força cujo efeito enfraqueceria com a distância, o que explicava o movimento mais lento dos planetas mais afastados do Sol. Os raios luminosos seriam os responsáveis por esta ação e, por outro lado, a intensidade da luz emitida por uma fonte variava na razão inversa do quadrado da distância a esta (expressão já conhecida); destes dois factos nasceria a hipótese de uma força que variaria na razão inversa do quadrado da distância... o que só virá a ser provado por Isaac Newton. Johannes Keppler publicou em 1627 as Tabulae rudolphinae, usados por mais de um século no cálculo das posições planetárias. Morreu em Rosensburg em 1630.
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